domingo, 10 de janeiro de 2010

Saudades

Saudades dos nossos bons e maus momentos, saudades das nossas conversas e brigas sem razão, saudades dos poucos passeios na praia e dos dias no Escorrega… Saudades da tua cara de ciumento e de irritado, saudades do teu sorriso e da tua má disposição. Saudades das nossas manhãs e tardes, saudades do nosso primeiro beijo e último também. Tenho saudades de quando tu aparecias do nada e me fazias sorrir pelo simples facto de estar ali. Tenho saudades dos poucos planos que fizemos, dos nossos sonhos impossíveis que na nossa vida tentamos construir. Tenho saudades de tudo o que se realizou e de tudo o que não se realizou. Saudades do que vivemos e do que não vivemos. Tenho saudades da nossa história, a mais estranha que alguém já escreveu. Tenho saudades dos segredos que temos, que escondemos. Tenho saudades do nosso namoro escondido, onde só éramos eu e tu. Tenho saudades do nosso amor, nossas juras, nossas promessas, nossos encontros. Tenho saudades de estar contigo, simplesmente por estar. Saudades de ti quando estavas comigo. Saudades de mim quando estava contigo. Saudades da cama que não dividimos. Saudades do futuro que não vivemos. Saudades de ti. Mas o que mais dói de toda esta saudade é saber que de tudo o que eu sinto está destinado para outro alguém. Outro alguém que já odeio antes de existir, outro alguém que não terá a mesma saudade que eu sinto, porque não serei eu. Como dizia o poeta “em algum lugar deve existir, uma espécie de bazar, onde os sonhos extraviados vão parar”. Acho que os nossos sonhos e planos se extraviaram e foram parar a nenhum lugar, mas na minha mente, nela pararam e não me deixam seguir em frente nem viver, não me deixam sentir saudades de outro alguém. E é por isso que vivo sentindo saudades. Saudades de mim, de ti, saudades de nós...

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